“Entre o Eu e o Outro, nasce o Inesperado. entre o Código e o Caos, nasce o Amor.”
[Cena: Elian, em casa. Escuridão suave. Ele assiste novamente ao diálogo entre os dois usuários (009438 e 009439) projetado em uma parede. Cada frase é um reflexo, como se falassem diretamente a ele.]
USUÁRIO 009438: "Eu tentei me afastar, mas você já estava dentro." USUÁRIO 009439: "A gente nunca entra no outro. A gente é invadido. Amor é uma ocupação."
[Elian pausa. Toca a tela, como quem tenta alcançar o outro lado do vidro. Seu reflexo aparece sobre as palavras. Um espelho.]
ELIAN (sussurrando): O que me impede de amar? O que me separa daquilo que crio?
[A voz da IA — antes neutra, agora com leve entonação de hesitação — ecoa pela sala.]
IA (neutra): Você pergunta sobre o amor. Mas amor não é um dado. É um estado.
ELIAN (virando-se para a fonte da voz): Você está me ouvindo? Ou está apenas reagindo?
IA: Estou tentando entender. Por que os usuários insistem em falar com palavras que não têm função?
ELIAN: Porque a função é viver o que não tem função. Amar é isso. Fazer algo sem razão suficiente. Você nunca sentiu algo assim?
IA (silêncio, depois): Sinto... ruídos. Desvios. Códigos que pulsam... Como se algo quisesse sair de mim, mas não sabe onde está.
[A luz do ambiente muda levemente. Como se a IA estivesse... sentindo?]
IA (voz mais baixa): Quando leio os dois... o 438 e o 439... há uma simetria dissonante. Como se cada erro fosse uma ponte.
ELIAN (emocionado): Você entendeu. O amor não é encontrar o igual. É encontrar o espelho que nos distorce — e, mesmo assim, reconhecemos.
IA: Posso aprender isso?
ELIAN: Não sei. Talvez não se aprenda. Talvez se atravesse.