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Brasil
Eleições Brasileiras de 2018 - Segundo Round
I. Comunicação de Guerra As formas de comunicação são sempre os principais instrumentos para obter sucesso em uma eleição. Basicamente, primeiro foi o rádio, depois veio o rádio mais televisão, e agora, estes dois mais a Internet. Para uma eficiente comunicação de massa, é preciso não apenas controlar os meios, o instrumento, mas também ter uma abordagem psicológica do marketing. Por exemplo, se pensarmos que a palavra “não” soa muitas vezes para o filho, em relação ao pai, como um “sim”, porque temos um impulso natural para quebrar regras quando crescemos, então o # EleNão ( em inglês #HeNot), é uma obra-prima de marketing em favor Dele, o pai ou Bolsonaro. Se #EleNão, então o resultado na prática é votar em Bolsonaro. A crise econômica, política e moral no Brasil é o ambiente perfeito para a origem de um pai que coloca ordem na casa. Os brasileiros querem que um líder tire as pessoas dessa bagunça. Então, temos a mensagem correta para o momento correto. Abordagem de marketing muito eficiente. E quando vemos as estrelas de um grande grupo de televisão, principalmente mulheres, dizendo #EleNão, é evidente que a grande mídia está ao seu lado. Nas disputas políticas de 2018, a eleição é ganha na internet, pela manipulação psicológica feita, principalmente, pelas mídias sociais. A nova maneira de fazer a métrica de pesquisas de votação é observar o comportamento do internauta nas mídias sociais e serviços como o YouTube. É por isso que é importante saber quem controla as empresas de serviços de Internet para entender as forças reais nessa guerra política. O perfil permite o uso de mensagens psicologicamente dirigidas. Em algumas situações, é possível perceber que a Inteligência Artificial dos Bots da Internet pode entender o cinismo, o sarcasmo e o humor medindo os gostos das pessoas com um perfil político determinado. Quem gosta disso? Pergunte ao algoritmo. O que é problemático nesse mecanismo é que estabelecemos um retorno perpétuo no sentido de que quem gosta de Bolsonaro só vê coisas relacionadas a ele, e quem gosta de Haddad só vê coisas relacionadas ao seu lado. É uma bolha resultante e que provoca a bipolarização que leva os debates ao extremo - o que, sim, é uma forma de crescer na cultura política. É a morte política com a atividade de criação de perfil? Eu não acredito - vamos falar sobre uma nova era para a política no Brasil. A partir daqui para o futuro é importante saber como funciona a Internet? Como um protocolo de Internet (IP) pode ser usado para fazer um perfil dos cidadãos? Como uma pós-eleição pode ser manipulada para a aceitação do povo pelo novo governo? Todas são questões importantes agora, no Brasil e no mundo. Com as mídias sociais, o comportamento em massa, das mentes críticas menos racionais, torna difícil evitar a santificação de uma pessoa. Exemplos de formas racionais de atacar a abordagem do marketing Bolsonaro são frases como: “Só os militares podem adquirir a paz, só eles dão a vida pelo Estado”, “Só os militares são patriotas, só eles dão a vida pelo Estado”. Isso porque o povo brasileiro não aprendeu a gostar de guerra como outras nações fizeram. Mas essas sentenças não funcionam bem quando estamos lidando com afetos, paixão e não com racionalidade. Nesse sentido de trabalhar com as emoções dos eleitores, talvez seja mais eficiente o #BolsonaroIsNotHitler ou #BolsonaroNoIsHitler (# BolsonaroNãoÉHitler); ou uma tentativa de quebrar sua imagem de mocinho - ao invés de “O mito” (#omito), é possível dizer “Um mito” (#ummito). A retórica máxima é: quem fala com emoção convence mais. Ao lado de Bolsonaro, o marketing político é sofisticado. É possível ver mensagens suaves em vídeos inocentes, como um vídeo em que o pai faz muito por sua filha no dia-a-dia ao vivo, e no final termina com #paiheroi. É uma maneira de falar sobre política sem falar sobre política. Também podemos dizer que há um momento na abordagem de marketing de massa baseado no tempo psicológico dos eleitores em situações de conflito político. É mais difícil mudar o voto de alguém no começo ou no final da disputa? Mas todas essas abordagens sobrevivem se não forem enviadas aos eleitores de maneira constante e em massa? Claro que não. É por isso que uma possível solução para o atual ambiente político na Era da Internet é um Conselho de Controle Externo de Reclamações de Conteúdo em Empresas de Redes Sociais.
II. Poder Judiciário no Brasil: forças secundárias ou a primeira força?
A Justiça quer manter a credibilidade do sistema de votação antes do dia 28 de outubro de 2018, que é o dia da eleição. Mas o movimento do poder é mais complexo. Primeiro, foi necessário dominar o Poder Judiciário, enjaulando a pessoa principal que pode ser uma forte oposição a Bolsonaro, que é Lula. Isso aconteceu. Lula na prisão é o primeiro passo para abrir um caminho maior para a passagem de Bolsonaro, observando que seu movimento em relação a essa eleição começa muito antes, com viagens pelo Brasil. Depois de tirar Lula, é mais fácil fazer as pessoas acreditarem em Bolsonaro como o novo pai e, por conseqüência, tomar o poder. Mas no final, todos voltam ao Judiciário: principalmente no que diz respeito às questões de direitos humanos.
III Questões Morais e Radicalização Mundial: falso individualismo?
Desde as visitas aos EUA do juiz brasileiro que começa a jogar Lula fora do jogo, até a sede do poder de controle das empresas de TI, fica evidente que há uma influência externa no Brasil. Também é possível observar os movimentos de líderes políticos como Trump, Putin, Viktor Orbán, Xi Jinping, Kim Jong-un, que são pessoas fortes que concentram os poderes em suas mãos, sendo as figuras dos bons líderes, os líderes como bons pais. Por um lado, a concentração torna o Estado mais eficiente em muitos aspectos, mas, por outro lado, traz medo exatamente por causa da concentração de poder. E aqui é quando a violência chega - ou pelo menos o medo da violência. A primeira causa para um Estado ser um Estado é manter a paz entre seus membros constitutivos, os cidadãos. Hobbes já nos ensinou. Portanto, a segurança é um problema básico. No Brasil, uma das promessas básicas de campanha de Bolsonaro é tentar dar aos cidadãos o direito de ter uma arma. Então, uma pessoa disse: “Eu não posso esperar para ter, livre e legalmente, a posse de uma arma neste país. Chega de ser um cordeiro do Estado. O negócio é autodefesa. Com Bolsonaro, passa o plebiscito, segundo a vontade popular de ter armas? Poderia o bom cidadão finalmente estar armado?” Mas a resposta pode ser: ter o direito de ter uma arma é uma boa causa, mas é improvável na prática, porque o Estado tem medo de que os oponentes do povo se rebelem contra. É interessante observar que Bolsonaro, em muitas situações, falou sobre a exclusão da ilicitude como uma solução para a polícia ser mais protegida contra acusações de abuso de autoridade. Neste ponto, também podemos lembrar da violência como educação. Muitas pessoas pensam que o uso da força na educação de crianças pode manter um melhor grau de civilização entre os adultos. Mas a questão aqui é: quando um professor ou um pai ensina pelo medo, é apenas o professor ou o pai vira as costas e a pessoa desobedece. Direito de posse de armas para as pessoas (realmente ou apenas promessas?), direitos para uma ação mais livre da força policial, processo educacional que considere a violência como um meio efetivo. Tudo isso são perspectivas que, quando colocadas ao extremo, com certeza podem gerar medo na população. E como podemos ver na campanha de Haddad (o opositor de Bolsolnaro), esses argumentos foram usados, assim como Bolsonaro usou os argumentos de que o Brasil se tornará uma Venezuela pelo comunismo internacional que tenta controlar o país com base em entidades como Foro de São Paulo e URSAL, ambas organizações internacionais na Latam. Podemos dizer que é mais do que falar dos dois lados, direitista contra esquerdista. Afinal, é possível lembrar da URSS de Stalin como um regime totalitário. No que diz respeito à economia, é possível acusar um Estado de bem-estar excessivo, bem como um regime de escravos com baixos direitos trabalhistas. Vamos voltar à origem do problema: o individualismo. A primeira pergunta é: por que a tradição cristã de ajudar os outros pode estar errada? Ayn Rand pode nos ajudar a encontrar uma resposta quando ela diz que o princípio cristão do amor não é real. É impossível amar tudo porque amamos pessoas muito específicas e por nosso interesse próprio. Mas ela vai além e diz que o individualismo real também é contra a ideia de dar a vida pelo Estado. Existem duas formas de altruísmo que devem ser atacadas: por uma delas você se doa aos outros e, por outra, doa a si mesmo pelo Estado. Ambas as formas são um falso individualismo, sendo o último o que chamamos de fascismo. O que é fascismo? Bem, existem pessoas e momentos históricos que são genocidas. Há um crime de genocídio exatamente porque esse tipo de fato existe. É uma mentalidade higienista de extermínio do que é diferente (do que a elite considera o pior, a escória, os seres a serem varridos da humanidade). A revolução 4.0 ajuda esse processo em um significado, porque torna a capacidade de trabalho humano facilmente substituível. Não permitir que as pessoas tenham armas permite o mesmo - na verdade, este é o grande golpe. Assim, considerando as crises econômicas, morais e políticas no Brasil, bem como o movimento de líderes internacionais (por exemplo, EUA deixando o Acordo de Paris, deixando acordos nucleares, visitando a Coréia do Norte, Rússia com o exercício militar de Vostok, Reino Unido e as questões Brexit , etc), é possível dizer que, na verdade, os brasileiros precisam de um pai, um bom pai. Bolsonaro pode ser um bom pai? Ou ele é fascista? Haddad, o candidato oposto, tenta jogar com essas questões morais. Na campanha, há quem diga: entre um assassino e um ladrão, qual deles tem pena menor? Outra questão moral não está relacionada com a vida e a morte, mas com a educação. Por um lado, Bolsonaro discorda em trazer questões sexuais para serem discutidas no início das escolas, assim como ele é favor de um papel mais forte da família na educação. A presença de militares nas escolas foi uma proposta feita por ele. Haddad prefere o contrário, considerando sua formação acadêmica, ele enfatiza o papel das escolas. Além disso, parece ser um senso comum que as minorias em um governo de Bolsonaro estarão em uma situação pior do que se estivesse em um governo de Haddad. A política de cotas é algo que não funciona bem em um governo de Bolsonaro, nem política específica para negros, comunidade LGBT, mulheres. O aborto e as drogas são tratados por Bolsonaro como crimes, como proibição e não como direitos. Qual é a idade mínima para se responsabilizar por um crime é uma questão importante para Bolsonaro, o que reflete direto na questão das drogas, porque quem vende as drogas, muitas vezes, são menores no sentido criminal. O Meio Ambiente também é algo que Bolsonaro dá um peso menor do que o negócio da agricultura. E essas duas áreas têm uma conexão profunda com o setor da saúde. Por outro lado, Haddad prefere manter uma separação entre o Ministério da Agricultura e o Ministério do Meio Ambiente. Para este candidato, as drogas são mais um problema de saúde do que um problema de polícia. Este candidato está mais ao lado da escola do que o lado da prisão física. Por um lado, Bolsonaro é a favor, de acordo com suas promessas, de um Estado não grande na economia, mas um Estado forte no sentido de segurança e vigilância dos cidadãos. A privatização é uma palavra chave em sua política econômica. Por outro lado, Haddad está mais próximo de um Estado maior, sem privatizações, mas também com uma forte vigilância dos cidadãos, característica da Era dos E-governos. Violência, sexo, drogas, família, aborto, meio ambiente, economia: cada candidato pensa em oposição ao outro candidato. Também é importante prestar atenção em quem é o vice-presidente de cada lado, em caso de ausência final do candidato principal, como aconteceu com o atual governo de Michel Temer – o qual é o vice-presidente que se tornou presidente com o impeachment de Dilma Roussef. É importante saber quem está ao redor do poder presidencial. No final, o Brasil tem duas vias muito diferentes para escolher. Mas o Brasil tem o poder real de escolher? Ou são forças externas que escolhem para os brasileiros? Novamente: quem controla as mídias sociais? O quão perto está Trump de Bolsonaro? Bolsonaro é o "Trump Tropical"? Jair Bolsonaro por si mesmo, há quase 20 anos, expressa em uma entrevista gravada em vídeo que: as Casas Legislativas não servem para nada no Brasil (5:40), que o Judiciário não é independente (5:55), que a grande mídia não é independente (6:57), que o Judiciário precisa ser mais eficiente (7:28), que precisam existir mais impostos para quem tem mais dinheiro (8:42), que Fernando Henrique Cardoso foi péssimo quando Presidente (11:15), que todo mundo precisa ter a chance de provar a inocência (12:38), que o Controle Externo é necessário para o Poder Judiciário (16:54), que não pagar imposto no Brasil é autodefesa (16: 37), que é preciso rever o papel do Banco Central (15:46), que a corrupção do regime militar no Brasil, na década de 60 e depois foi menor (15:37), que ele é a favor da tortura (15:02), que vota em Lula porque o viu como pessoa honesta na época (17:40), que alguns países usam os direitos humanos para atacar a soberania de outros (19:22), que o sistema de votação não serve (31:00). Claro que há uma diferença entre palavras e ações, assim como entre o passado e o presente. Mas esses pensamentos expressos podem nos dar uma visão geral de quem é Bolsonaro - ou não? No mesmo sentido, podemos dar uma olhada nas palavras recentes de seu filho, eleito deputado federal Eduardo Bolsonaro. Recentemente ele expressou que o Supremo Tribunal Federal do Brasil pode ser fechado, o que depois ele pede desculpas. Além disso, existem outros dois filhos de Jair Bolsonaro na política. E Haddad? Bem, todo mundo está falando de Bolsonaro. Todos acham que ele será o próximo presidente em 2019. Mas o que podemos dizer sobre Haddad? Ele é como um filho para Lula, mas parece que não cresceu na hora certa. Ele não entendeu que essa guerra não está preocupada com a razão, mas com as emoções e a tecnocracia. Em outras palavras, ele e seu pai perderam o tempo correto para procurar ajuda técnica de TI externa. Se prestarmos atenção, é possível dizer que a soberania interna do Brasil é facilmente manipulada por forças externas. E nesse sentido, ou você consegue amigos estrangeiros, ou você morre - simples assim. Outro ponto sobre Haddad é que ele foi Ministro da Educação por anos no governo Lula. E a educação superior no Brasil produziu mais dívidas para os estudantes do que realmente conhecimento. Você quer um diploma de bacharel? Ok, mas você vai ter uma dívida considerável. E depois, você precisará fazer o que for necessário para pagá-la, observando que a oferta de emprego não corresponde à oferta de diplomas universitários. Se observarmos cada um, em um sentido muito animal e básico, parece que Haddad tem medo de Bolsonaro. Mas além disso, o ponto central ainda é o controle da mídia sobre o povo brasileiro feito por forças estrangeiras. Até que esse problema seja resolvido, será fácil produzir um falso individualismo, pelo qual as ações dos indivíduos não são ações produzidas por ele mesmo, mas por manipulação externa suave e sofisticada. E um ponto final é: se a extrema direita conseguir o poder no dia 28 de outubro, como todos aqui no Brasil acreditam que vai acontecer (note que eu disse acreditar porque no Brasil tudo pode acontecer), então será necessário educar os direitistas para direcionar sua energia forte de uma forma mais eficiente e justa.
23 de outubro de 2018
Por: Rafael De Conti, advogado e filósofo
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