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Quis custodiet ipsos root?
“Quis custodiet ipsos root?”, digitou como título da página index, do site da Corte Suprema do país alvo de seu cyber-ativismo. 0root, como se batizou, era um hacker que gostava de Humanidades. Certa vez viu a famosa frase em latim em um site sobre a Roma Antiga: “Quis custodiet ipsos custodes” (“Quem guardará os guardas?”) e passou a utilizá-la como assinatura. Desta vez, resolveu fundir a tal frase com a ideia de tecnologia, de modo a provocar nos Juízes um relampejo de luz naquele caso judicial capaz de mudar o destino do direito à privacidade no país. “Root” é o termo usado nos sistemas baseados em Unix para definir o super-usuário, aquele que tem controle de tudo, o administrador supremo do sistema – no sistema, só o “root” é onipresente, onisciente e onipotente. “0root”, para 0root, significava justamente a negação do Administrador-Deus. 0root resolveu ir além. Sabia que seu tempo era curto. Fazia parte de um bom ataque apagar o rastro do invasor no servidor, mesmo quando são usadas outras máquinas para se “anonimizar” na rede. 0root fez, então, um link para aquela frase. Quando o visitante do site passasse o mouse sobre o link, apareceria: “Morda esta maça para conhecer o Algoritmo de Deus”. Após a diversão (era assim que o jovem hacker via tudo aquilo), rapidamente se desconectou. Ajustou-se na mesa em que tomava café, chamou a garçonete e fechou o notebook. “Pois não, querido?” - perguntou aquela jovem moça sorridente 0root não era muito bom com garotas. Mas tinha tanta eletricidade correndo em suas veias por causa de seu cyber-ato, que se sentia leve para dar uma cantada ao melhor estilo geek. Olhou bem fundo nos olhos da garçonete e disse: “O segredo é entender que somos eternos lammers!”
12 de novembro de 2018 |
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Augustus |